Colaboração: Dra. Márcia dos Santos Rizzo
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo são afetadas por uma ou mais Doenças Tropicais Negligenciadas, tais como Raiva, Doença de Chagas, Dengue, Hanseníase, Esquistossomose, Cisticercose, Sífilis, dentre outras. O termo “doença negligenciada” refere-se às enfermidades infecciosas que persistem exclusivamente nas populações mais pobres e necessitadas, especialmente as localizadas no calor e na umidade de climas tropicais.
A maioria destas doenças é de origem parasitária, e muitas são propagadas por vetores artrópodes. Dentre as Doenças Tropicais Negligenciadas mais prevalentes no mundo, destaca-se a Leishmaniose, que afeta milhões de pessoas no mundo e outros milhões são predispostos à doença.
A Leishmaniose apresenta três principais síndromes clínicas: cutânea, muco-cutânea e visceral (também conhecida como Calazar). A forma mais severa e rapidamente fatal da doença é a Leishmaniose Visceral que, além de lesar gravemente órgãos internos, causar incapacidade e diminuir a expectativa de vida dos doentes, está se tornando uma preocupante tendência global.
Um dos maiores fatores de risco para a doença é o fenômeno mundial de migração e urbanização, contribuindo para que o aumento da Leishmaniose Visceral Zoonótica seja um problema de Saúde Pública. Muitas pessoas abandonam as zonas rurais por fatores socioeconômicos e climáticos (p.ex., seca), para se fixarem em casebres na periferia das grandes cidades, onde as condições sanitárias precárias, juntamente com o grande número de cães, favorecem a proliferação de espécies sinantrópicas, como mosquitos flebotomínios, vetores da Leishmaniose Visceral Humana e Canina. Tal comportamento migratório da população rural é verificado em vários países, sendo que dos casos registrados na América Latina, 90% ocorrem no Brasil. No ciclo de transmissão da Leishmaniose Visceral Humana, além da ação dos vetores flebotomínios, há muitos hospedeiros reservatórios, tais como: roedores, macacos e cães domésticos.
Vale ressaltar que a Leishmaniose Visceral Humana é um grave problema de Saúde Pública no Brasil, e o número de casos de co-infecção LEISHMANIA-HIV é crescente no mundo e no Brasil.
As ações do Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral no Brasil estão centradas no diagnóstico precoce e no tratamento adequado dos casos humanos. Além disso, faz-se vigilância e monitoramento canino com a eutanásia de cães com diagnóstico sorológico ou parasitológico positivo; vigilância entomológica; saneamento ambiental; controle químico com inseticida, e utilizam-se medidas preventivas direcionadas ao homem, ao vetor e ao cão. Assim, é importante que tais ações sejam realizadas de maneira contínua e avaliadas a cada ano, para que os objetivos propostos pelo Programa possam ser atingidos, principalmente no que se refere à redução da mortalidade humana. Manter a vigilância é cuidar da saúde!
1 comentários:
Esse país é cheio de doença, temos que ter um cuidado dobrado! Cruzes.
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